#11 — Pé na areia

Algo me dizia no meu íntimo, em momentos como esses, que eu tinha sido trazido por aquelas águas salgadas e depois encontrado pelos meus pais, numa praia qualquer.

Quando escrevi o trecho acima ao fim de Assopre as Velas Antes de Morrer, foi justamente tentando encontrar uma justificativa para a minha obsessão com o mar e a saudade excessiva que sinto dele.

Nasci na região metropolitana de São Paulo, na cidade de Santo André, mas me mudei, ainda criança, para a cidade de Praia Grande, na Baixada Santista, onde passei 17 anos da minha vida.

Não houve um dia sequer onde o mar não tivesse sido pano de fundo para as histórias que vivi durante esse tempo, fosse passando por ele de ônibus, num passeio com os meus amigos e peguetes da época, ou, simplesmente ouvindo e vivenciando sua fúria em tempos de ressaca.

Hoje, aos quase 30 anos, outra vez mais na cidade grande, ainda não vivo um dia sequer sem pensar nas ondas das praias que conheci. Tão pouco tenho explicações para tais fenômenos…

A imensidão que me faltava só crescia. Um oceano inteiro cabia em mim.

Fecho os meus olhos e posso sentir o cheiro do mar, o toque gélido das águas, além, é claro, do sal queimando meu rosto após um longo mergulho.

Olho pela janela do condomínio e sinto falta do mar, de poder encarar com espanto o desconhecido que me completava tão bem.

Aqui, na selva de pedra em que bicho é homem e peixe também, sinto falta da imensidão azul. Sinto falta de vida.

Um LugarTexto escrito para o desafio 30 dias de escrita, uma maneira de me conhecer mais enquanto me apresento para vocês. Todo dia um tema diferente, durante trinta dias. Você pode me conhecer também no Instagram.

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Vísceras Literárias - Rafael Delboni
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